Continua internado em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital João XXIII o menino de 10 anos que atirou acidentalmente contra a própria cabeça ao brincar com um revólver calibre 38 do pai, na Vila Itaú, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O acidente aconteceu na manhã de segunda-feira.
Alisson Gomes Fernandes, de 35 anos, pai da criança, não tinha registro do revólver e a jogou fora após o acidente. Ele foi autuado em flagrante por omissão na cautela da arma da fogo que guardava dentro de casa. Como o crime previsto no Estatuto do Desarmamento é considerado de menor potencial, ele foi liberado após prestar depoimento. O caso será acompanhado pela Delegacia de Juizado Especial.
Na 6ª delegacia de Contagem, onde a ocorrência foi encerrada, a irmã mais velha do garoto baleado, uma adolescente de 15 anos, disse ter ficado sabendo que a arma estava em um guarda-roupas no quarto do casal. O irmão mais novo dela, de 8 anos, foi quem achou o revólver, que estava sem balas, e começou a brincar. Em seguida, a vítima teria chegado ao cômodo, tomou o 38 do menino, colocou uma munição na arma e passou a brincar com ele até acontecer o acidente.
Ainda segundo relato da jovem, o pai comprou o revólver há cerca de três anos para se defender de rivais. Ela disse que na época ele tinha envolvimento com o tráfico de drogas e por isso se armou. Ainda segundo a jovem, a arma ficava guardada na casa de um amigo do pai, mas na segunda ele a teria levado para casa para limpar, pois tinha a intenção de vendê-la. Ele teria pedido à mulher para guardar o revólver no armário após a limpeza. Apesar do relato da jovem, a Polícia Civil não encontrou registro de envolvimento de Alisson com o tráfico. No entanto, ele já foi preso por furto e lesão corporal.
A adolescente também informou que o irmão de 10 anos seria portador de deficiência decorrente de um problema no momento do parto, entretanto, ela não soube dar detalhes.
De acordo com a Polícia Militar, os pais da criança estavam em casa quando aconteceu o disparo. Ao ouvirem um barulho vindo da varanda, chegaram no local e encontraram M.F.M. caído com um ferimento na testa e a arma ao lado. Vizinhos ajudaram no socorro e o garoto foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro JK. Devido à gravidade do estado de saúde, ele foi transferido para o Hospital João XXIII, na capital, onde passou por cirurgia para a retirada do projétil.
Desespero
O pai do garoto contou à polícia que assim que viu o filho no chão, pegou a arma e a jogou em um córrego que fica perto da casa. Ele alega ter tomado a atitude por ter ficado desesperado ao ver o garoto ferido. Militares fizeram buscas no local, mas não encontraram o revólver. O delegado Antônio Pires explicou que o suspeito só seria preso em flagrante caso a arma fosse encontrada, já que ela não possui registro. Nesse caso ele seria enquadrado por porte ilegal, mas também poderia ser liberado após pagamento de fiança.